O preço da eleição para deputado

Levantamento feito pelo Congresso em Foco, a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revela que o mandato de quatro anos na Câmara custou, em média, R$ 507.797,10 para cada um dos deputados federais eleitos em outubro.
Entre os 513 eleitos para a nova Câmara, 59 declararam ter arrecadado e gastado mais de R$ 1 milhão. Desses, oito conseguiram levantar mais de R$ 2 milhões em recursos. Em 2002, quando as 20 campanhas mais caras arrecadaram R$ 20,3 milhões, apenas cinco candidatos declararam receitas e despesas acima de R$ 1 milhão (veja a relação dos que gastaram mais).
Neste ano, as 20 campanhas mais abastadas gastaram praticamente o dobro de recursos do que quatro anos atrás - R$ 40.177.087,03. Entre as candidaturas mais ricas, nove são de tucanos. O seleto grupo dos 20 candidatos que mais arrecadaram e gastaram na última eleição é composto ainda por três peemedebistas, dois petistas e um representante do PPS, do PCdoB, do PP, do PL, do PDT e do PTB.
A pesquisa levou em consideração as despesas e as receitas declaradas pelos 494 deputados eleitos cujas prestações de contas estão disponíveis na página do TSE na internet. Juntos, eles informaram ter gastado R$ 250.851.765,64 ao longo de toda a campanha. Até o fechamento desta edição, ainda não haviam sido divulgadas as despesas e as receitas de 19 parlamentares.
Sobrou dinheiro
Apesar do grande volume de recursos investidos, os eleitos não podem se queixar da falta de dinheiro para conquistar a simpatia do eleitorado. Pelo contrário, a julgar pela prestação de contas. Juntos, declararam ter arrecadado R$ 252.528.974,07 - ou seja, R$ 1,67 milhão a mais do que gastaram. Mesmo os envolvidos com os escândalos dos sanguessugas e do mensalão arrecadaram bem mais do que nas eleições passadas (leia mais).
Segundo a legislação eleitoral, essa diferença, também conhecida como "sobra de campanha", tem de ficar com os partidos, "de forma integral e exclusiva", para "criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política".
A exemplo da semana passada, quando divulgou a relação completa dos financiadores da eleição dos 27 senadores que começam o mandato no ano que vem (clique aqui para ver quem financiou os senadores), o Congresso em Foco publica hoje, após exaustivo levantamento, a lista dos financiadores das campanhas dos deputados eleitos (confira aqui a relação por bancada).
Seja na corrida à Câmara, seja na disputa ao Senado, a maior parte dos recursos saiu de tradicionais doadores, como empreiteiras, mineradoras, metalúrgicas, siderúrgicas, bancos, usinas de álcool e açúcar e empresas ligadas ao agronegócio, além do caixa dos próprios partidos, abastecidos com recursos públicos do fundo partidário (leia mais).
PSDB gastou mais
De todas as 21 legendas que conquistaram ao menos uma cadeira na Câmara, nenhuma teve candidatos com mais recursos financeiros do que o PSDB (veja a distribuição por partido). Os 63 deputados eleitos pelo partido cujas declarações estão disponíveis na internet foram, de longe, os que mais investiram na campanha, tanto em números absolutos quanto proporcionalmente. Os dados de outros três eleitos pelo PSDB não haviam sido lançados no site do TSE até o fechamento desta edição.
Os tucanos declararam ter gastado R$ 51.126.062,91 para se elegerem. Para cada um deles, a eleição custou, em média, R$ 811.524,81. Bem mais do que os R$ 555.386,42 declarados por cada um dos 83 peemedebistas cujas contas estão disponíveis na internet. Dono da maior bancada na nova Câmara, com 89 assentos, o PMDB teve, proporcionalmente, a quarta campanha mais cara.
Proporcionalmente, ficou atrás do PTB e do PPS. A eleição dos 22 petebistas saiu, em média, a R$ 609.371,35. No caso do partido presidido pelo deputado Roberto Freire (PE), esse valor alcançou a marca de R$ 572.699,99.
Assim como o PSDB e o PPS, outro partido de oposição cujos candidatos investiram pesado na eleição foi o PFL. Em termos absolutos, os 65 pefelistas eleitos gastaram R$ 33.299.427,56 - o terceiro maior volume no ranking partidário. Na média, com R$ 512.298,89 por cadeira conquistada, a legenda aparece na sexta posição, logo atrás do PL.

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